Explore as palavras inspiradoras e reflexões profundas deste grande pensador.
35 frases encontradas
Amor com seus contrários se acrescenta.
Enquanto quis Fortuna que tivesseEsperança de algum contentamento,O gosto de um suave pensamentoMe fez que seus efeitos escrevesse.Porém, temendo Amor que aviso desseMinha escritura a algum juízo isento,Escureceu-me o engenho co'o tormento,Para que seus enganos não disesseÓ vós que Amor obriga a ser sujeitosA diversas vontades! Quando lerdesNum breve livro casos tão diversos,Verdades puras são e não defeitos;E sabei que, segundo o amor tiverdes,Tereis o entendimento de meus versos.
Se tanta pena tenho merecidaEm pago de sofrer tantas durezas,Provai, Senhora, em mim vossas cruezas,Que aqui tendes uma alma oferecida.Nela experimentai, se sois servida,Desprezos, desfavores e asperezas,Que mores sofrimentos e firmezasSustentarei na guerra desta vida.Mas contra vosso olhos quais serão?Forçado é que tudo se lhe renda,Mas porei por escudo o coração.Porque, em tão dura e áspera contenda,É bem que, pois não acho defensão,Com me meter nas lanças me defenda.
Ah o amor... que nasce não sei onde, vem não sei como, e dói não sei porquê.
Endechas a Bárbara escravaAquela cativaQue me tem cativo,Porque nela vivoJá não quer que viva.Eu nunca vi rosaEm suaves molhos,Que pera meus olhosFosse mais fermosa.Nem no campo flores,Nem no céu estrelasMe parecem belasComo os meus amores.Rosto singular,Olhos sossegados,Pretos e cansados,Mas não de matar.U~a graça viva,Que neles lhe mora,Pera ser senhoraDe quem é cativa.Pretos os cabelos,Onde o povo vãoPerde opiniãoQue os louros são belos.Pretidão de Amor,Tão doce a figura,Que a neve lhe juraQue trocara a cor.Leda mansidão,Que o siso acompanha;Bem parece estranha,Mas bárbara não.Presença serenaQue a tormenta amansa;Nela, enfim, descansaToda a minha pena.Esta é a cativaQue me tem cativo;E. pois nela vivo,É força que viva.
Extremos são de amor os que padeço, Ó humano tesouro, ó doce glória; E se cuido que acabo então começo. Assim te trago sempre na memória; Nem sei se vivo, ou morro, mas conheço, Que ao fim da batalha é a vitória
De quantas graças tinha, a NaturezaDe quantas graças tinha, a NaturezaFez um belo e riquíssimo tesouro,E com rubis e rosas, neve e ouro,Formou sublime e angélica beleza.Pôs na boca os rubis, e na purezaDo belo rosto as rosas, por quem mouro;No cabelo o valor do metal louro;No peito a neve em que a alma tenho acesa.Mas nos olhos mostrou quanto podia,E fez deles um sol, onde se apuraA luz mais clara que a do claro dia.Enfim, Senhora, em vossa composturaEla a apurar chegou quanto sabiaDe ouro, rosas, rubis, neve e luz pura.
Prometeis, e não cumpris?Pois sem cumprir, tudo é nada.Não sois bem aconselhada;que quem promete, se mente,o que perde não o sente.
RaquelSete anos de pastor Jacob serviaLabão, pai de Raquel, serrana bela;Mas não servia ao pai, servia a ela,E a ela só por prémio pretendia.Os dias, na esperança de um só dia,Passava, contentando-se com vê-la;Porém o pai, usando de cautela,Em lugar de Raquel lhe dava Lia.Vendo o triste pastor que com enganosLhe fora assi negada a sua pastora,Como se a não tivera merecida;Começa de servir outros sete anos,Dizendo: – Mais servira, se não foraPara tão longo amor tão curta a vida!
Quando de minhas mágoas a compridaMaginação os olhos me adormece,Em sonhos aquela alma me apareceQue pera mim foi sonho nesta vida.Lá numa saudade, onde estendidaA vista pelo campo desfalece,Corro pera ela; e ela então pareceQue mais de mim se alonga, compelida.Brado: - Não me fujais, sombra benina!Ela, os olhos em mim c'um brando pejo,Como quem diz que já não pode ser,Torna a fugir-me; e eu gritando: - Dina...Antes que diga: - mene, acordo, e vejoQue nem um breve engano posso ter.
Amar é um cuidar que se ganha em se perder.
Busque Amor novas artes, novo engenho, para matar me, e novas esquivanças; que não pode tirar me as esperanças, que mal me tirará o que eu não tenho.Olhai de que esperanças me mantenho! Vede que perigosas seguranças! Que não temo contrastes nem mudanças,andando em bravo mar, perdido o lenho.Mas, conquanto não pode haver desgostoonde esperança falta, lá me esconde Amor um mal, que mata e não se vê.Que dias há que n'alma me tem posto um não sei quê, que nasce não sei onde, vem não sei como, e dói não sei porquê.
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