Por: Luís de Camões
"Endechas a Bárbara escravaAquela cativaQue me tem cativo,Porque nela vivoJá não quer que viva.Eu nunca vi rosaEm suaves molhos,Que pera meus olhosFosse mais fermosa.Nem no campo flores,Nem no céu estrelasMe parecem belasComo os meus amores.Rosto singular,Olhos sossegados,Pretos e cansados,Mas não de matar.U~a graça viva,Que neles lhe mora,Pera ser senhoraDe quem é cativa.Pretos os cabelos,Onde o povo vãoPerde opiniãoQue os louros são belos.Pretidão de Amor,Tão doce a figura,Que a neve lhe juraQue trocara a cor.Leda mansidão,Que o siso acompanha;Bem parece estranha,Mas bárbara não.Presença serenaQue a tormenta amansa;Nela, enfim, descansaToda a minha pena.Esta é a cativaQue me tem cativo;E. pois nela vivo,É força que viva."
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