Por: Luís de Camões
"Amor, que o gesto humano n'alma escreve,Vivas faíscas me mostrou um dia,Donde um puro cristal se derretiaPor entre vivas rosas e alva neve.A vista, que em si mesma não se atreve,Por se certificar do que ali via,Foi convertida em fonte, que faziaA dor ao sofrimento doce e leve.Jura Amor que brandura de vontadeCausa o primeiro efeito; o pensamentoEndoudece, se cuida que é verdade.Olhai como Amor gera, num momentoDe lágrimas de honesta piedade,Lágrimas de imortal contentamento."

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